Uma das qualidades esperadas de uma boa empresária é saber o momento adequado de dar novos passos. Um empreendimento, quase sempre, demora um certo tempo até recuperar o dinheiro investido e equilibrar as contas. E, assim, a partir desse ponto, é que a empreendedora começa a ver o lucro e pode pensar em reinvestir.
Essa é a melhor fase do negócio, quando realmente você percebe que está lucrando. Contudo, agora surgem novas dúvidas, que pedem novos direcionamentos e decisões. Por exemplo, quanto do lucro deve ser guardado, ou quanto deve ser distribuído, ou, ainda, quanto deve ser investido?
Para ajudar nesse momento delicado, criamos um guia para que você possa seguir e continuar prosperando. Boa leitura e bons investimentos!
1º Passo – Avalie se o seu negócio está equilibrado para reinvestir
Os resultados financeiros do seu negócio devem estar organizados em categorias bem definidas de entrada e saída de fluxo de caixa. Dinheiro no banco nem sempre é lucro operacional. Portanto, antes de decidir por reinvestir ou retirar o lucro, faça uma avaliação se sua empresa está mesmo equilibrada.
As contas empresariais compreendem as despesas fixas, como aluguel, condomínio, energia e impostos, e os custos variáveis, relativos à produção. Em primeiro lugar, é preciso saber se suas receitas estão conseguindo cobrir os gastos fixos. Uma resposta negativa aqui é um indicador claro de que o negócio está dando prejuízo.
Em seguida, deve-se calcular o ponto de equilíbrio, ou seja, o mínimo que a empresa deve faturar, para gerar lucro. A partir desse equilíbrio, o negócio começa, de fato, a contabilizar lucro.
2º Passo – Calcule o lucro do seu negócio
Para conhecer o lucro real do seu negócio, comece calculando a margem de contribuição, ou lucro bruto. Esse valor é calculado subtraindo os impostos e custos variáveis de produção, do valor do faturamento. Logo depois, tire deste valor os custos fixos relativos ao período de análise.
O resultado é o lucro operacional. O percentual que este lucro representa em relação ao faturamento é a lucratividade do seu negócio. Compare esse valor final com a sua expectativa, levando em consideração o mercado e a concorrência.
3º Passo – Busque aumentar sua lucratividade e conseguir reinvestir
A lucratividade ideal depende de vários fatores, inclusive da capacidade de produção e do ramo do negócio. Se você, ao final do passo anterior, concluiu que sua lucratividade é insuficiente, encontre formas de otimizar esse valor.
É importante ressaltar que aumentar o faturamento nem sempre é uma alternativa, pois tende a carregar junto também o prejuízo. Todas as ações devem partir do princípio de que deve-se aumentar as receitas e reduzir os gastos.
Além de aumentar as vendas, outras opções para aumentar as receitas são:
- Melhorar o preço de venda;
- Aumentar o ticket médio;
- Introduzir o Cross Selling, ou seja, venda cruzada;
- Praticar Up Selling, que significa oferecer uma opção incrementada do produto escolhido pelo cliente;
- Reavaliar a política de vendas;
- Incrementar o portfólio (serviços x produtos);
- Focar nos produtos mais rentáveis;
- Buscar estabelecer receita recorrente.
Para reduzir os gastos, foque nas seguintes ações, que demandam, principalmente, negociações com parceiros e otimização das equipes:
- Reduzir custos variáveis;
- Diminuir despesas fixas;
- Renegociação de taxas bancárias;
- Avaliação de benefícios;
- Redução da equipe;
- Implantar um programa de redução de custos;
- Terceirizar operações;
- Otimizar o uso de recursos;
- Reduzir as reuniões;
- Diminuir espaço de trabalho;
- Avaliar compra x aluguel, em todos os níveis.
4º Passo – Defina qual será o valor do lucro a ser distribuído, antes de reinvestir
É muito importante deixar uma boa parte dos lucros para reinvestir na empresa, compondo, desta forma, uma reserva maior. Dessa maneira, será possível realizar novos investimentos no futuro e ter mais segurança.
Considerando que você já retira um pró-labore mensal, é hora de decidir se ficará também com uma parte do lucro. Para chegar a uma resposta, depois dos passos anteriores, avalie em qual dos três níveis sua empresa se encontra:
Nível 1 – Lucro zero ou quase zero
Não faça retiradas do lucro, ou retire uma quantia mínima possível para não prejudicar o caixa no futuro. Isto é, se não tem lucro, não tem o que retirar.
Nível 2 – Lucro razoável
Nesse estágio, a empresa já tem reservas para cumprir com seus compromissos financeiros com mais folga. Mesmo assim, a recomendação é não ultrapassar 30% do lucro, para distribuição entre os sócios.
Nível 3 – Lucro bom e boas reservas financeiras
Esse nível demonstra que a empresa tem um capital de reserva financeira correspondente a seis meses ou mais. Ou seja, esse valor é capaz de bancar os gastos fixos desse período sem precisar de cheque especial ou empréstimos.
Portanto, é possível retirar um valor maior do lucro, sem comprometer a garantia de cumprimento de seus compromissos com segurança. Porém, desde que se reserve um valor de, no mínimo, 20% para reinvestir no negócio.
Esse montante servirá para que sua empresa aumente o capital de reserva e possa aproveitar as oportunidades que surgirem.
5º Passo – Defina o que vai guardar e o que vai reinvestir na empresa
De fato, não há uma regra geral para definir qual a porcentagem do lucro deve ser guardada ou reinvestida no próprio negócio.
Isso deve ser definido em função do ramo de atividade e, consequentemente, da velocidade de retorno do investimento, tudo alinhado com a estratégia de crescimento do negócio.
Quanto devo guardar do meu lucro?
Procure identificar o tipo de negócio que você tem em mãos. Ele pode precisar tanto de maquinário sempre renovado quanto de alto grau de manutenção. Nesse caso, é importante guardar entre 10% e 15% do lucro para imprevistos.
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Por outro lado, se é uma revenda de produtos via e-commerce, por exemplo, esse índice pode alcançar até 50%. Por isso, é preciso avaliar as necessidades e características de sua empresa.
O capital de giro também deve sofrer aporte e ser gerido por alguém que conheça bem o mercado financeiro. Isso significa encontrar aplicações financeiras rentáveis e, ao mesmo tempo, com alta liquidez. Além disso, empresas sujeitas à sazonalidade devem guardar uma margem maior de capital de giro para enfrentar altos e baixos.
Quanto do lucro deve ser investido na empresa?
Se sua empresa tem um retorno rápido do investimento, você pode pensar em reinvestir um percentual alto, pois retornará brevemente.
Desse modo, analise se vale investir muito se o retorno é lento, pois pode demorar para dar lucro.
Portanto, é preciso cautela para definir o reinvestimento, sendo recomendado que não ultrapasse 30% do lucro investido.
Porém, reavalie quando pensar em modernização, pois uma empresa moderna tende a gerar mais lucro e conquistar mais clientes. Especialmente em relação à logística, procure se manter confiável e ágil.
Outro ponto importante é a melhoria do maquinário, para produzir mais e melhor em menos tempo.
Da mesma forma, reinvestir na marca pode ser bem interessante. Se sua base de produção estiver em dia, então você pode reinvestir parte do lucro em marketing, inclusive o digital.
Considere investir em si mesma como empreendedora. Esse é o melhor investimento que você pode fazer, já que poderá ser aplicado em qualquer negócio sob seu comando.
Planejamento é essencial na hora de reinvestir
De qualquer maneira, o fundamental para qualquer empresa ou empreendedora, é o planejamento. É um trabalho árduo, que gera ansiedade e precisa de acompanhamento constante, mas que, porém, é absolutamente necessário.
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